Teatro Vila Velha passará por reforma com investimento de mais de R$ 20 milhões

Completando 60 anos de história, o Teatro Vila Velha, em Salvador, ganhará uma nova roupagem que vai garantir mais conforto, segurança e qualidade técnica ao espaço. Com projeto coordenado pela Fundação Mário Leal Ferreira, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Secretaria de Manutenção da Cidade e Superintendência de Obras Públicas, a obra tem previsão de ser concluída no final de 2025.

Entre as intervenções planejadas, estão um novo eixo de circulação para o teatro (passarela, escadas e elevador), além de novo volume na cobertura (área administrativa), qualificação dos ambientes internos e criação de depósito externo. O formato do palco será mantido e ganhará melhor capacidade técnica, com tecnologias e equipamentos de ponta. Também estão previstas a implantação de novo sistema de ar-condicionado, a qualificação acústica, a adequação do sistema elétrico do teatro, a adequação à legislação de acessibilidade universal e o Projeto de Combate ao Incêndio.

“Este é um momento importante para a cultura de Salvador. A duração da obra está em torno de 300 dias, com investimento de aproximadamente R$11 milhões somente na parte física. Ainda devemos investir cerca de R$10 milhões em novos equipamentos”, destaca o secretário de Cultura e Turismo, Pedro Tourinho.

O gestor revelou ainda que, em breve, será assinada a ordem de serviço para início das intervenções. “Vamos conseguir entregar o TVV da melhor forma possível e no prazo, para já estarmos no ano que vem com o teatro aberto, funcionando em toda a sua potência”, completou Tourinho.

O presidente da Fundação Gregório de Mattos, Fernando Guerreiro, relembrou a história e o significado que o TVV possui na própria vida, relembrando artistas como Harildo Déda e Bemvindo Siqueira. “Foi aqui onde comecei a me apaixonar pelo teatro. Inclusive o Vila Velha foi um grande polo de resistência à ditadura militar. É um teatro que tem uma história muito forte, de pertencimento com a cidade, não só artístico, como também político. Então é um movimento importantíssimo essa ideia de repaginar esse espaço, porque traz de volta um equipamento que já faz parte do patrimônio da cidade”, avaliou.

O criador do Bando de Teatro Olodum e diretor do Teatro Vila Velha, Márcio Meirelles, reforçou a importância histórica do equipamento. “Há 60 anos, quando o teatro foi inaugurado, ele foi muito importante para a cultura brasileira, porque muitas coisas que depois modificaram o Brasil surgiram aqui, como os tropicalistas, os Novos Baianos, o ator Othon Bastos, a atriz e cantora Virgínia Rodrigues, uma porrada de gente”, pontou. Ainda de acordo com Meirelles, “junto com o projeto, a gente tem uma contrapartida, que é ter apresentações com audiodescrição e com Libras, pensando na inclusão de todos. Também temos um grande trabalho sendo feito com comunidades ao redor, como Gamboa, Solar do Unhão, Vila Brandão e Alagados”, completou.

Expectativa – Desde a década de 1980, a gestora cultural, diretora teatral e atriz Chica Carelli é presença fiel na cena cultural da cidade. Ela, que participou da fundação do Bando de Teatro Olodum, colaborando para os processos de afirmação e construção da identidade do artista negro na capital baiana, se mostrou animada com a modernização do espaço.

“O Teatro Vila Velha sempre foi um centro de criação e de inovação muito grande, que leva em conta a criação e traz novos espetáculos, novas concepções e novas ideias. Então, manter esse equipamento ainda mais moderno e bem equipado é fundamental para que continue a existir um teatro forte aqui na Bahia, e sejam criados novos artistas e novos espetáculos”, disse.

O ator e publicitário Rogério Lélis ressaltou que o TVV é um agente de transformação não apenas artística, mas também humana. “O Teatro Vila Velha modificou não só a mim, mas também a muita gente. É um local muito único, desde a sua curadoria até a sua estrutura modernista, e todos os grupos que já passaram por aqui. Essa reforma é muito importante porque ele é a cara dessa cidade e talvez seja o único que tenha essa relação com o público e com a arte”, declarou.